Assentamentos do MST doam 340 cestas de alimentos a famílias do noroeste do Paraná

Arroz, feijão, milho verde e produtos derivados do leite e da cana fizeram parte das 340 cestas de alimentos da Reforma Agrária entregues a famílias de Loanda e Santa Isabel do Ivaí, noroeste do Paraná, neste domingo (28). As mais de 7 toneladas (7 mil quilos) de produtos foram doadas por 12 assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) da região. 

Os alimentos frescos como mandioca, abóbora, verduras e frutas vieram direto das lavouras dos camponeses para as mãos de quem mais precisa na cidade. A entrega de alimentos industrializados como arroz, açúcar mascavo, melado e derivados de leite também é fruto da Reforma Agrária e da organização das famílias assentadas por mais de duas décadas na região. Parte das cestas também recebeu sabão caseiro produzido pelas comunidades, item importante para a prevenção da covid-19.

As sacolas de alimentos chegaram a pessoas como Millena Santos Souza, de 24 anos, que foi receber a doação acompanhada da mãe e com o filho pequeno no colo. “Meu marido está desempregado há 3 meses. O dinheiro que a gente recebe do auxílio [emergencial] não é o suficiente pra fazer compra, comprar fralda, lenço, pomada, remédio e pagar todas as contas. Ou é uma coisa, ou outra. Ou a gente paga as contas, ou a gente compra comida”, desabafa. 

A ação deste domingo integra uma campanha nacional do MST em solidariedade a quem passa por dificuldades de garantir o sustento neste contexto de pandemia do coronavírus e de políticas insuficientes do governo federal. No Paraná, as famílias Sem Terra completaram 244 toneladas de alimentos doados desde o início da quarentena.

Reforma Agrária para enfrentar a fome 
Pedro Faustino, integrante da coordenação do MST, reafirma a solidariedade como um valor cultivado pelo Movimento e ampliado neste contexto de extrema dificuldade para milhões de brasileiros e brasileiras. “Por outro lado, pedimos, exigimos que a Reforma Agrária seja efetivada, que os acampamentos sejam transformados em assentamentos, porque os resultados nós estamos vendo, são nítidos e claros nessas ações que estamos fazendo de oferecer alimentos saudáveis à população”, enfatizou o agricultor. 

No início de junho, o MST lançou um Plano Emergencial de Reforma Agrária Popular com um conjunto de medidas para enfrentar a fome durante este período de crise profunda que o país atravessa. Entre as propostas está o fim dos despejos, tanto para evitar que mais famílias passem a enfrentar a fome, quando para garantir a ampliação da produção de alimentos.   

Somente em 2019, o governo do Paraná executou nove despejos de comunidades Sem Terra no estado. Mais de 500 famílias que garantiam renda e auto-sustento a partir do trabalho na terra entraram nas estatísticas do desemprego e da vulnerabilidade nas áreas urbanas. 

Ação conjunta
As doações desde domingo ocorreram sem aglomerações e com o reforço sobre a necessidade do uso de máscara e de higienização das mãos. Isso foi possível pela organização coletiva, desde a arrecadação dos alimentos até a entrega. 

As comunidades que participaram da ação foram os assentamentos Milton Santos, de Planaltina do Paraná; Ilgo Luiz Peruzzo, de Santa Mônica; Companheira Roseli Nunes, de Amaporã; Margarida Alves, Pontal do Tigre, Che Guevara, Luiz Carlos Prestes, Antônio Tavares e Sebastião da Maia, todos de Querência do Norte; 17 de Abril e Paraná, ambos de Santa Cruz de Monte Castelo, e Santa Maria, de Paranacity. Para a maior parte das comunidades, esta é a segunda vez que estão se somando a doações durante a pandemia.

Também participaram da ação a Pastoral da Juventude Rural de Querência do Norte e lideranças de bairros. Para as entregas em Loanda, o MST contou com a Associação de Recuperação de Alcoólatras (ARA), que cedeu o salão da entidade. Em Santa Isabel do Ivaí, a distribuição ocorreu na Associação dos Funcionários Municipais.

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