Dor, sofrimento e esperança: o drama haitiano em Palotina
Já passava das quatro da tarde quando se ouviu uma forte explosão. Casas têm paredes trincadas, veículos foram chacoalhados e a impressão é que a cidade estava sofrendo um tremor, um abalado sísmico.
Palotina, a cidade sede de uma das maiores cooperativas da América Latina vive momentos de medo, pânico e sobretudo muito desespero. A notícia corre e logo se sabe o que aconteceu.
Um dos silos da Cooperativa C.Vale explode e pelo menos quatro barracões, onde eram armazenados milhões de grãos de milho e soja, vão para os ares e começa ali, mais um capítulo das sofridas histórias da migração dos haitianos no Brasil.
Saem os primeiros boletins e as informações que chegam são devastadoras. Há quem diga que depois do terremoto ocorrido lá, em 2010, essa parece ser, a maior tragédia já sofrida por alguns dos nossos irmãos africanos.
O boletim não mente: oito trabalhadores morrem, dezenas estão desaparecidos. O desespero bate e cada minuto que passa, é mais dramática a espera por novas informações, especialmente de familiares haitianos.
E a pergunta que não quer calar: alguém viu Michelet Louis? E o Jean Joseph?. Alguém sabe alguma coisa, alguma informação?. O desespero dos familiares é grande e a expectativa por encontrá-los vivos, é ainda maior. O coração de alguns parece querer saltar para fora. Uma mulher não para, vai pra lá e vem pra cá, na frente do portão principal da cooperativa.
A situação é de ansiedade e as buscas pelos haitianos não param. E o Jean?, o Donald e o Alfred?. Será que eles estão bem?. E o Metelus e o Gegrard?. A informação não chega e o desespero aumenta.
A noite se aproxima e por volta das 19 horas vem a confirmação. Dos oito trabalhadores mortos na explosão, sete são haitianos, pessoas do bem, homens honrados, trabalhadores, que atravessaram continentes em busca de uma vida melhor, mas infelizmente, foram sabotados pela própria sorte e tiveram suas vidas ceifadas naquela fatídica tarde de quarta-feira.
O sonho acabou, dizia aos prantos, do outro lado da rua, uma moça de voz forte e parecendo muito determinada. Mas apesar da dor, do sofrimento e do luto causado pela tragédia, desistir não é o certo. É hora de recomeçar, superar os traumas e seguir em frente.
E a nós, que graças a Deus estamos bem, devemos ser solidários, orando, rezando e torcendo pela pronta recuperação das viúvas e filhos que ficaram órfãos de maridos e de pais. Contamos você, pois é inaceitável ficar de braços cruzados, enquanto a cidade de Palotina assiste a uma das maiores tragédias da sua história.