Copa América ou Eurocopa – Qual foi a melhor competição?

Este ano, os fãs de futebol tiveram um motivo a mais para sorrir com a realização das duas principais competições de seleções, nos continentes sul-americano e europeu. Após mais de um mês do término dos torneios e da definição dos campeões, tempo necessário para digerir a vitória da Argentina em pleno Maracanã, trazemos as comparações pertinentes para tentar responder à pergunta: qual foi a melhor competição? 

Como ambas competições foram disputadas simultaneamente a comparação se tornou inevitável, a Euro 2020 com certeza saiu na frente em relação às apostas esportivas e à cobertura midiática e, embora a Copa América costume ser relegada a um segundo plano pelos meios de comunicação mais influentes do mundo, há bons motivos que demonstram que a disputa foi muito mais equilibrada do que parece.

Em termos de emoção é o torcedor quem pode dizer melhor. Afinal de contas, é evidente que para os europeus o interesse principal foi a Euro, enquanto os sul-americanos ficarão com a Copa América. Por contar com mais equipes (24 contra 10), a Euro proporcionou mais partidas equilibradas. Porém, poucos clássicos no mundo podem rivalizar, em relação a emoção e disputa com um Brasil x Argentina, Argentina x Uruguai ou Brasil x Chile.

Já quando o assunto é organização e consistência, a vantagem ficou com os europeus. Disputada desde 1960 e de forma ininterrupta a cada 4 anos, essa edição do torneio foi disputada em 11 países simultaneamente sem maiores problemas. Por sua vez, a Copa América ainda experimenta problemas de calendário e já foi realizada a cada 2, 3 ou 4 anos, de modo que a competição seja um pouco menos fiável quando o assunto é sua organização e periodicidade.

Outro fator que deu vantagem a Euro foi o quesito competitividade. Com 55 seleções lutando por 24 vagas, o nível mais alto dos participantes prevaleceu e seleções menos prestigiadas, como a Dinamarca, puderam surpreender e chegar até as semifinais do torneio. Já na América do Sul, devido a sua disposição geográfica, o torneio contou com apenas 10 países. Ou seja, todos os países do continente têm suas vagas asseguradas em todos os torneios, não sendo necessário lutar por seu espaço, o que por si só já diminui a chance de surpresas.

No entanto essa competitividade europeia não se traduz em equilíbrio quando o assunto é taça. Mesmo com um grupo grande de nações disputando o título, o hall dos campeões é composto por apenas 10 países e após mais uma edição do torneio, esse hall se manteve inalterado, uma vez que a Itália já havia sido campeã em 1968.

Já na Copa América, dos 10 países fixos, nada menos que 8 já venceram pelo menos uma vez o torneio. Apenas Venezuela e Equador nunca sentiram o gostinho de levantar o caneco.      

Se optarmos pelo critério história e tradição, a Copa América foi a legítima vencedora. Além de ser o torneio de seleções mais antigo do mundo, a final dessa edição foi entre Brasil e Argentina, para muitos o maior clássico do futebol mundial. Com um desfecho pouco feliz para o Brasil, Messi pôde ser campeão pela primeira vez com a sua seleção. Já a final da Euro, embora tenha sido disputada entre duas seleções de primeira linha, – Inglaterra x Itália – não há nenhum tipo de rivalidade ou tradição de confrontos entre essas equipes. Isso não significa que tenha faltado atração, com a Itália sendo campeã em solo inglês após um jogo parelho e uma disputa de pênaltis emocionante.

Considerando todos esses pontos, fica claro que a resposta para qual foi a melhor competição não é assim tão óbvia. Os dois torneios tiveram sua dose de drama e emoção, virtudes e falhas. E por fim nem tudo foi disputa: pela primeira vez, houve um acordo entre UEFA e CONMEBOL para o intercâmbio de árbitros, visando o fortalecimento do esporte e a padronização dos critérios arbitrais. O juiz espanhol Jesús Gil Manzano foi o primeiro europeu a apitar na Copa América, e o argentino Fernando Rapallini o primeiro sul-americano no comando de uma partida de Euro, algo nunca antes visto em competições continentais.