MST doa 10 toneladas de alimentos a 500 famílias de Cornélio Procópio (PR)
Os alimentos são frutos das roças, hortas e pomares de 22 assentamentos e acampamentos do MST, de 7 municípios do norte pioneiro paranaense.
“É muito amor, muita humanidade da parte deles repartirem o que eles têm com a gente”. As palavras foram da Isabel Almeida, moradora do Jardim Progresso, periferia de Cornélio Procópio (PR). Ela recebeu uma das 500 cestas de alimentos partilhadas por agricultores e agricultoras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) neste sábado (18).
As 10 toneladas de alimentos vieram das roças, hortas e pomares de 22 assentamentos e acampamentos do MST, de 7 municípios do norte pioneiro paranaense. A ação integra a campanha nacional do Movimento em solidariedade com quem enfrenta a angústia da fome neste período de pandemia do coronavírus. No Paraná, as doações chegaram a 258 toneladas de alimentos doados.
A ação deste sábado contou com a presença e a bênção do Bispo da Diocese de Cornélio Procópio, Dom Manoel João Francisco, que enfatizou a atuação do Movimento na luta por melhores condições de vida para a população empobrecida: “O MST sempre lutou por vida […]. A vida só será vivida com dignidade quando todos tiverem com o que viver, o alimento para se alimentar, a casa pra morar, a terra pra trabalhar, daí a importância da Reforma Agrária”.
Para o representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Reforma Agrária mostra que pode ajudar a superar a fome. “No Brasil, ainda temos muito o que fazer. Alguma coisa já se conquistou graças ao MST, em termos de Reforma Agrária”, disse o Dom Manoel. No início de junho, o MST lançou o Programa Emergencial da Reforma Agrária Popular, com medidas capazes de enfrentar a miséria que avança de forma acelerada sobre o povo brasileiro.
“Essa pandemia vem provocando desemprego, fome, e acreditamos que só a Reforma Agrária com políticas públicas para a pequena agricultura, para agricultura familiar, pode nos fazer sair da crise. Nosso lado é a solidariedade, o combate à fome e à desigualdade social”, reforçou Vilmar Ferreira, integrante da coordenação do MST e morador do assentamento Companheiro Keno, de Jacarezinho.
Avanço da miséria
A maior parte da população brasileira já sente no estômago a crise sanitária, econômica e política pela qual o país passar. O Brasil é o “epicentro emergente” da fome extrema no mundo, por consequência da pandemia e pela insuficiência das políticas públicas do governo Bolsonaro, segundo relatório da ONG Oxfam divulgado no dia 9 de julho.
Moradora do Jardim Progresso há 40 anos, Isabel relata que a comunidade sempre foi muito pobre, mas que durante a pandemia a situação se agravou: “As coisas aqui pioraram muito, várias pessoas aqui perderam seus empregos, são pais de família que pagam aluguel, tem criança pequena. A situação aqui está bastante complicada para várias famílias”, lamentou.
Na Vila Nova, comunidade onde Adriele dos Santos Jesus vive com a família, o cenário não é diferente. As doações chegaram em boa hora: “A gente fica muito agradecido, porque nessa pandemia a gente está passando por muitas dificuldades. São poucas pessoas que num momento desse ajuda a gente, que chega na comunidade. Não é todo mundo que entra e ajuda […]. Graças a Deus está aqui o caminhão do MST dando cesta básica para toda as famílias, alimentos, verduras. Eu só tenho a agradecer”.
Arroz, feijão, mandioca, abóbora, abacate, limão, maracujá, mamão, banana, tomate, farinha de mandioca e hortaliças. Direto das famílias produtores da Reforma Agrária para a cidade, nos lares de quem mais precisa. As famílias Sem Terra também arrecadaram produtos industrializados, que complementaram as doações. As cestas, que pesaram de 15 a 20 quilos cada, foram entregues no Jardim Progresso, na Vila Nova, na Vila Nossa Senhora Aparecida e na Vila Santa Terezinha. A Casa da Criança e o Abrigo Bom Pastor também receberam os kits de alimentos.
Das famílias produtoras para a mesa de quem precisa
A ação deste sábado resultou da união de 22 comunidades camponesas. Parte dos alimentos partilhados é produzida de forma agroecológica, sem uso de venenos e a partir de relações justas de trabalho e comercialização. É o caso da produção do casal José Henrique Pereira dos Santos e Mariléia dos Santos, que junto do filho Giovani colheram uma grande diversidade de alimentos sem veneno para doar.
A família é assentada na comunidade Ho Chi Minh, em Congonhinhas, produz alimentos “limpos”, quer dizer, sem agrotóxicos: “que é a verdadeira produção de alimentos. É em cima disso que a gente quer se alimentar, e é em cima disso que a gente quer ter essa ação solidária de repartir isso que a gente está consumindo aqui com as famílias que necessitam”, explica Giovani.
“Nesse momento de crise, é importante esse espírito de companheirismo e esse olhar ao próximo. O que a gente puder fazer, que estiver ao nosso alcance, tem que ser feito”, completa o jovem.
Participaram da ação os assentamentos Paulo Freire, Dom Hélder, Roseli Nunes, Cacique Cretã, Arixiguana, Amélia, Sol Nascente, Jucape e Palmares, de São Jerônimo da Serra; assentamentos São Luís 2, Bom sucesso, Boa Esperança e a comunidade de agricultura familiar Lambari, de Sapopema; assentamentos Carlos Lamarca, Robinson de Souza, Ho Chi Minh, Rosa Luxemburgo, e acampamento Carlos Marighella, em Congonhinhas; assentamento Nango Vive, que fica entre os municípios de Ribeirão do Pinhal e Jundiaí do Sul; assentamento Companheiro Keno, de Jacarezinho, e assentamento Elias de Meura, de Carlópolis.
Somam à iniciativa a Diocese e Paróquias da igreja católica de Cornélio Procópio, os Núcleos de Jacarezinho e Cornélio Procópio do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), o Sindicato dos Bancários de Cornélio Procópio e Região, a Associação dos Negros Procopenses (Anepro) e os Vicentinos.
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