Agricultura sustentável ganha força na RMC com programas inovadores do Estado

Três propriedades localizadas na Bacia do rio Miringuava, em São José dos Pinhais, receberam visitantes nesta quarta-feira (23) para um dia de campo promovido pelo IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater). A ação foi realizada em comemoração ao Dia da Água, que aconteceu nesta semana, e teve como objetivo mostrar práticas aplicadas pelos produtores que resultam em uma agricultura mais sustentável, diminuindo os riscos de contaminação dos recursos hídricos.

Os produtores estão recebendo informações sobre novas tecnologias de cultivo graças a uma parceria firmada entre Sanepar, Fundação O Boticário, Invest Paraná e IDR-Paraná. O trabalho ganha relevância porque a região conta com uma estação de captação de água, o que exige mais cuidado com o meio ambiente.

Durante o Dia de Campo os visitantes conheceram três das 30 Unidades de Referência do projeto e que têm o acompanhamento dos extensionistas do IDR-Paraná. Na primeira delas o produtor João Zielinski mostrou as vantagens do Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH).  Ao manter a área de cultivo coberta com palhada, o agricultor aumenta a infiltração de água e também diminui a incidência de doenças do solo.

De acordo com Tiago Hachmann, do IDR-Paraná, o SPDH mantém o solo estruturado por meio das raízes das plantas de cobertura, evita a evaporação da água e diminui a necessidade de irrigação. “O sistema produz um ambiente mais saudável para as plantas”, ressaltou.

Em quatro anos de aplicação do SPDH, a nascente localizada na propriedade de Zielinski dobrou a vazão. Além disso, houve ganhos de produtividade. A rentabilidade do cultivo de brócolis, por exemplo, é de 93%, enquanto nas propriedades que adotam o cultivo convencional não ultrapassa 70%. De maneira geral o aumento da produtividade, levando-se em conta as diversas culturas, chega a 30%.

“O custo com insumos também foi reduzido em até 50%”, destacou Hachmann. Para o produtor, o SPDH é uma prática que precisa de empenho do produtor. “Não é só plantar na palha. Tem que ver o tipo de solo. O que precisa, de acordo com a análise da terra”.

DESPERDÍCIO ZERO – Utilizar a água de forma racional e sem desperdício tem sido o desafio de Marcelo e Adriane Leschnhack. O casal planta morangos, no sistema elevado e semi-hidropônico. As plantas são cultivadas em bancadas a um metro do chão e recebem água e nutrientes por irrigação. Marcelo contou que via como desperdício a água de irrigação que vertia das bancadas para o solo. A solução veio com a instalação de sensores que medem a umidade do substrato e indicam quando o cultivo precisa de água.

Além disso, a irrigação é feita em um sistema fechado, o excedente da água das bancadas com os cultivos volta para o reservatório e é reutilizada. Marcelo informou que a economia de água com o sistema fechado fica entre 20 e 25%. Ele acrescentou que a irrigação também resultou em uma menor incidência de doenças, como a podridão, já que as folhas não ficam umedecidas, e ainda facilitou o controle de algumas pragas como o ácaro.

Marcelo produz morangos para a venda a terceiros, mas também abre sua propriedade para turistas. Na propriedade o visitante pode optar pelo sistema “colha e pague”, colhendo as frutas enquanto conhece a propriedade.

PRODUTOS BIOLÓGICOS – Eduardo Malchowe e Alexandra Leschnhak adotaram os princípios da agroecologia para lidar com a terra e apostaram na produção de microorganismos “on farm” para aplicação no cultivo de olerícolas e frutas. Com isso foi possível eliminar resíduos de agrotóxicos nos alimentos e diminuir a poluição ambiental. Periodicamente eles recebem a visita de estudantes para vivenciar um dia na propriedade rural.

“Durante essa atividade as crianças conhecem as lavouras, os cuidados com as criações, a vida na beira do rio e a importância de se preservar o meio ambiente. Eles veem que podem ter o mesmo cuidado com a natureza”, ressaltou Alexandra

Segundo Tiago Hachmann a ação das instituições junto aos produtores tem como objetivo transformar a agricultura da região em uma prática mais limpa, sustentável e rentável. “Esperamos uma redução no uso de água para a irrigação e a diminuição do uso de agrotóxicos, contribuindo para a melhoria na disponibilidade e qualidade da água para o abastecimento da Região Metropolitana de Curitiba”, concluiu Hachmann.

MIRINGUAVA – A Bacia do Miringuava atualmente é responsável por fornecer água para 250 mil pessoas. A Sanepar está construindo uma nova barragem que vai ampliar esse número para mais de 600 mil habitantes. A região também concentra uma das maiores densidades de produção de hortaliças do Estado e tem atrativos turísticos, exigindo um cuidado especial com a área.

Outra ação do Governo do Estado na localidade é o Programa de Vocações Regionais Sustentáveis (VRS), que pretende valorizar a cultura e os produtos locais. Para tanto, o programa prevê a promoção dos produtos característicos da bacia no mercado regional, nacional e internacional, devido à proximidade com o Aeroporto Internacional Afonso Pena.

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