Palestra de Cristovam Buarque será nesta sexta-feira em Campo Mourão

O senador Cristovam Buarque profere palestra sobre Cidadania: Entender para Exercer – Formas de Exercício da Cidadania nesta sexta-feira (25/5), em Campo Mourão, na cerimônia de abertura do XII Congresso Maçônico Paranaense. Será a partir das 19 horas nas dependências do Celebra Eventos.

O evento da maçonaria paranaense tem o patrocínio da Itaipu Binacional, Copel, Burguesa e Renome, além do apoio da Associação Comercial e Industrial de Campo Mourão. Os convites para a palestra estão à venda na secretaria da Acicam, em horário comercial.

Cristovam Buarque foi reitor da Universidade de Brasília, governador de Brasília, ministro da educação e é autor de mais de 20 livros. Pela defesa intransigente da educação como o caminho para o desenvolvimento e a justiça social é chamado de Senador da Educação.

Currículo – Nascido no Recife (PE), em 1944, Cristovam Buarque é filho de família de classe média baixa. Seus pais trabalhavam em uma tecelagem e ele, quando adolescente, ajudava a vender panos. Também ministrou aulas particulares de física e matemática, o que o levou a optar pelo curso de Engenharia Mecânica.

Na Escola de Engenharia do Recife, seu espelho era Celso Furtado, o criador da Sudene, intelectual que propunha unir o crescimento econômico e a inclusão social por meio da ação do Estado. Em um período de revolta contra a ditadura militar, o estudante Cristovam optou pela militância na Ação Popular (AP), de origem católica, fundada por gente como o sociólogo Herbet de Souza, o Betinho. Isso o fez se aproximar de Dom Hélder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife e uma das principais lideranças da esquerda na época. Com o acirramento da tensão política pós-AI 5, Dom Hélder ajudou Cristovam a obter uma bolsa de estudo para cursar o Doutorado em Economia na tradicional Sorbonne, em Paris.

De 1970, quando foi para Paris, a 1979, quando voltou ao Brasil, Cristovam concluiu o doutorado na Sorbonne e trabalhou seis anos no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Ali consolidou a certeza de que o liberalismo econômico não é suficiente para enfrentar a pobreza e incluir os necessitados e que o Estado tem que investir em áreas-chave para que isso aconteça.

O palestrante foi o primeiro reitor eleito da Universidade de Brasília. Isso em plenos estertores do regime militar. Sua administração à frente da universidade fez com que a UnB se tornasse uma referência nas discussões acadêmicas e políticas nacionais e mundiais dos anos 80. Abriu o campus para a sociedade e pela primeira vez deu voz a movimentos sociais que depois viriam a se consolidar no cenário nacional – como os seringueiros liderados por Chico Mendes na Amazônia.

Também foi na UnB que ele estabeleceu as linhas gerais de seu pensamento sobre o desenvolvimento econômico e inclusão social, presentes nos 20 livros que escreveu e que podem ser resumidos em algumas expressões. Uma delas, a apartação – como classifica o verdadeiro apartheid social existente no país, com pobres condenados a ser pobres por falta de estudo e oportunidades. Outra, a igualdade de oportunidades – que só é possível com investimentos maciços em educação. Outro, o de choque de ética no capitalismo – que inclui o componente ética no sistema econômico como essencial para a redução das desigualdades.

Foi na UnB, em 1986, que Cristovam projetou as linhas gerais da Bolsa-Escola, programa que consiste em fazer o Estado pagar às famílias pobres para manterem seus filhos nas escolas, uma evolução de projetos de renda mínima, vinculados à assistência social, defendidos pela esquerda. Da UnB, Cristovam saiu diretamente para o governo do Distrito Federal, onde implantou a Bolsa-Escola e dezenas de outros programas sociais que fugiam à lógica da esquerda corporativista e da direita assistencialista. Na economia, propôs parcerias com a iniciativa privada em áreas fundamentais para o desenvolvimento regional.

Assim como a Bolsa-Escola, diversos outros programas implantados por ele cobravam uma contrapartida dos beneficiados. Fez questão de não dar nada de graça e de não usar o Estado para o atendimento apenas de parcelas bem-organizadas da sociedade.

Fora do governo, a partir de 1999, criou a organização não-governamental Missão Criança, que manteve viva a Bolsa-Escola em um momento em que o governo federal ainda não havia implantado programa semelhante. Graças à Missão Criança, a Bolsa-Escola foi adotada em países da América Latina e da África. Graças a ele, uma proposta ousada começou a ser encarada seriamente nos fóruns econômicos mundiais: a da troca de parte da dívida externa dos países do Terceiro Mundo por investimentos em educação. Em busca de apoios para isso, Cristovam cruzou o mundo, de Wall Street ao Vaticano. Graças a isso, o governo argentino obteve da Espanha o perdão de parte de sua dívida em troca de investimentos em educação.

Em 2003, foi nomeado ministro da Educação do governo Lula. Sua atuação foi inspirada no amigo Darcy Ribeiro e em Leonel Brizola. Por causa de Brizola, em 1989, recusou-se a ser vice de Lula nas primeiras eleições depois da ditadura militar. Como ministro, alfabetizou mais de 3 milhões de pessoas em um ano – a primeira meta de sua administração, interrompida intempestivamente.